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Arqueologia da vida natural e artificial é tema da La Fabrique du Vivant

"Na era digital, uma nova interação está emergindo entre a criação e os campos das ciências da vida, neurociência e biologia sintética"

Por Alex Alcantara
Atualizado em 17 fev 2020, 16h41 - Publicado em 21 fev 2019, 12h25

Claudia Pasquero e Marco Poletto, fundadores do ecoLogicStudio, e seus parceiros de pesquisa: o Urban Morphogenesis Lab at The Bartlett UCL, o Synthetic Landscape Lab at Innsbruck University e o Wasp Hub at the University of Southern Denmark, estão participando da exposição La Fabrique du Vivant (o tecido da vida, traduzido), no Centre Pompidou, em Paris, que ocorre entre os dias 20 de fevereiro e 15 de abril de 2019.

Voltado para o futuro, o Mutations / Creations  é o laboratório anual de criação e inovação do Centre Pompidou, explorando os laços entre artes, ciência, engenharia e inovação. Ele reúne artistas, engenheiros, cientistas e empresários – todos interessados ​​no ‘sensível’ e ‘inteligível’, que moldam e infringem o nosso presente. A expo recebe curadoria de Marie-Ange Brayer com Olivier Zeitoun, que refazem a arqueologia da vida natural e artificial.

Arqueologia da vida natural e artificial é tema da La Fabrique du Vivant
xenoderma (Divulgação/CASACOR)

“Na era digital, uma nova interação está emergindo entre a criação e os campos das ciências da vida, neurociência e biologia sintética. A noção de ‘viver’ assume uma nova forma de artificialidade, que permeia todo o Urbansphere – o aparelho mundial de urbanidade contemporânea. Aqui, a miniaturização, distribuição e inteligência de redes urbanas artificiais atingiram complexidade em humanos, gerando evolução processos de vida sintética na Terra”, explicam os curadores.

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Neste contexto, os arquitetos Claudia Pasquero e Marco Poletto criaram dois “in-human gardens”, esculturas vivas, impressas em 3D, receptivas à vida humana e não-humana. Essas obras desafiam os pilares da racionalidade com os efeitos da proximidade com a inteligência bio-artificial.

Arqueologia da vida natural e artificial é tema da La Fabrique du Vivant
HORTUS XL Astaxanthin.g (Divulgação/CASACOR)

Ambas as esculturas foram desenvolvidas em “colaboração” com organismos vivos, mais especificamente colônias de cianobactérias fotossintéticas.

HORTUS XL Astaxanthin.g

Arqueologia da vida natural e artificial é tema da La Fabrique du Vivant
(Divulgação/CASACOR)

Em HORTUS XL Astaxanthin.g, um algoritmo digital simula o crescimento de um substrato inspirado pela morfologia de um coral. Isto é fisicamente criado por máquinas de impressão 3D, em camadas de 400 microns, suportados por unidades triangulares de 46 mm e dividido em blocos hexagonais de 18,5 cm. Cianobactérias fotossintética são inoculadas em um meio de Biogel para dentro das células individuais triangulares, ou bio-pixel, formando as unidades de inteligência biológica do sistema.

Seus metabolismos, alimentado por fotossíntese, convertem a radiação para o oxigênio real e biomassa. Simplificando, a escultura é convertida em um metabolismo vivo, gerado e crescente a partir de simulações algorítmicas, que controlam o desenvolvimento de colônias, que se multiplicam através da fotossíntese.

Na primavera de 2019, HORTUS XL Astaxanthin.g será exibida na MAK – Museu de Artes Aplicadas de Viena.

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xenoderma

Arqueologia da vida natural e artificial é tema da La Fabrique du Vivant
(Divulgação/CASACOR)

Em xenoderma, uma teia de aranha morfogênese está alocada em um andaime impresso 3D, através de algoritmos. O comportamento das aranhas e a produção de seda são re-programados, por meio de códigos, na escultura através da concepção da subestrutura 3D impressa e suas características geométricas.

O resultado busca uma ambiguidade produtiva, revelando a beleza das morfologias da seda, uma inteligência que reside em algum lugar na intersecção dos reinos biológicos, tecnológicos e digitais.

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Arqueologia da vida natural e artificial é tema da La Fabrique du Vivant
(Divulgação/CASACOR)

La Fabrique du Vivant entra em diálogo com a exposição monográfica da artista brasileira Erika Verzutti, na Galeria 3. Ela leva para a vitrine lateral do Pompidou um enorme cisne, que disputa a atenção de turistas e visitantes com a arquitetura industrial do prédio.

Arqueologia da vida natural e artificial é tema da La Fabrique du Vivant
(Divulgação/CASACOR)
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De gesso e isopor, a ave divide espaço com outras esculturas, de menor dimensão, mas igualmente inspiradas por formas e volumes da natureza, sejam animais, frutas ou legumes.

O conjunto de trabalhos da artista é marcado pelas formas em associações irreverentes, com o qual a artista afirma sua escolha pela indisciplina e seu desejo de caminhar contra a corrente da arte neo-modernista e conceitual.

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