Museu da Língua Portuguesa reabre ao público com exposições inéditas
O museu volta para a agenda cultural de São Paulo com experiências interativas e um terraço em homenagem ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha
Após quase seis anos do incêndio que o atingiu em dezembro de 2015, o Museu da Língua Portuguesa está de volta à agenda cultural da cidade de São Paulo.
O espaço será reinaugurado oficialmente no dia 31 de julho, em cerimônia transmitida ao vivo pelas redes sociais do museu, e sua reabertura ao público acontecerá no dia seguinte, 1º de agosto.
A posterior abertura ao público se dará sob as restrições determinadas pelas medidas de combate à COVID-19. Os ingressos poderão ser adquiridos exclusivamente pela internet, com dia e hora marcados, e a capacidade de público está restrita a 40 pessoas a cada 45 minutos. Os visitantes receberão chaveiros touchscreen para evitar toque nas telas interativas.
A exposição “Língua Solta” marca o retorno do museu ao roteiro cultural e revela a língua portuguesa em seus amplos e diversos desdobramentos na arte e no cotidiano por meio de um conjunto de artefatos que ancoram seus significados no uso das palavras.
Ao todo são 180 peças, como objetos da arte popular e da arte contemporânea, que estarão expostos no primeiro andar do museu até 31 de outubro.
Conteúdo inédito e ampliado
O conteúdo do museu foi atualizado. Em sua exposição de longa duração, o museu terá experiências inéditas e outras anteriormente existentes, que marcaram o público em seus 10 anos de funcionamento (2006-2015).
Entre as novas instalações estão “Línguas do Mundo”, que destaca 23 das mais de 7 mil línguas faladas hoje no mundo; “Falares”, que traz os diferentes sotaques e expressões do idioma no Brasil; e “Nós da Língua Portuguesa”, que apresenta a língua portuguesa no mundo, com os laços, embaraços e a diversidade cultural da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Continuam no acervo as principais experiências, como a instalação “Palavras Cruzadas”, que mostra as línguas que influenciaram o português no Brasil; e a “Praça da Língua”, espécie de ‘planetário do idioma’ que homenageia a língua portuguesa escrita, falada e cantada em um espetáculo imersivo de som e luz.
Já a exposição temporária de reabertura do museu, “Língua Solta”, traz a língua portuguesa em seus amplos e diversos desdobramentos na arte e no cotidiano.
Com curadoria de Fabiana Moraes e Moacir dos Anjos, a mostra conecta a arte à política, à vida em sociedade, às práticas do cotidiano, às formas de protesto e de religião, em objetos sempre ancorados no uso da língua portuguesa.
Novo terraço e reforço de segurança contra incêndio
Um dos principais prédios históricos de São Paulo, marco do desenvolvimento da cidade e querido por toda a população, a Estação da Luz tem uma importância simbólica e única: foi uma das portas de entrada para milhares de imigrantes que chegavam ao Brasil.
Era lá que eles, depois de desembarcarem dos navios em Santos, tinham o primeiro contato com a língua portuguesa.
Com a completa recuperação arquitetônica e readequação de seus espaços internos, o museu manteve os conceitos estruturantes do projeto de intervenção original — assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro, em 2006 — e ganhou aperfeiçoamentos.
No térreo, o museu abre-se à estação, reforçando sua comunicação com a cidade. Nos andares superiores, espaços foram otimizados, novos materiais foram introduzidos e o museu ganhou mais salas para suas instalações.
No terceiro piso haverá um terraço com vista para o Jardim da Luz e a torre do relógio. Este espaço homenageará o arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
A reconstrução também incorpora melhorias de infraestrutura e segurança, especialmente contra incêndios, que superam as exigências do Corpo de Bombeiros.
Entre as novas medidas, está a instalação de sprinklers (chuveiros automáticos) para reforçar o sistema de segurança contra incêndio. No caso do museu, os sprinklers não são uma exigência legal, mas foi uma recomendação dos bombeiros acatada para trazer mais segurança para o projeto.
Sustentabilidade: selo LEED e madeira recuperada
O museu também será reaberto com certificação ambiental. Diretrizes de sustentabilidade pautaram toda a obra, e o Museu obteve o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) – um dos mais importantes do mundo na área de construções sustentáveis.
Entre as medidas estão a adoção de técnicas para economia de energia na operação do museu; a gestão de resíduos durante as obras; e a utilização de madeira que atende às exigências de sustentabilidade (certificada e de demolição) em todo o museu.
Cerca de 85% da madeira necessária para a recuperação das esquadrias foram utilizados do próprio material já existente no edifício, com a reutilização de madeira da cobertura original, datada de 1946. Já na construção da nova cobertura, foram empregadas 89 toneladas (67 m³) de madeira certificada proveniente da Amazônia.